sábado, 27 de junho de 2015

Avaliação diagnóstica: as crenças de autoeficácia e sua importância nas aulas de Educação Física


Aplicação de instrumento de avaliação diagnóstica

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) os conteúdos escolares podem ser classificados em três dimensões: conceitual (fatos, conceitos e princípios), procedimental (ligados ao fazer) e atitudinal (normas, valores e atitudes). Contudo, na disciplina Educação Física, observa-se uma ênfase nos conteúdos procedimentais em detrimento das outras duas categorias de conteúdos. Segundo Figueira, Paixão & Tucher (2011) no Ensino Fundamental e Médio, “o conteúdo mais desenvolvido pelos professores nas aulas de Educação Física escolar relaciona-se aos esportes tradicionais, sendo estes transmitidos de maneira procedimental e com pouca sistematização” (p.62). Darido et. al. (2007) ressaltam, por sua vez, a necessidade de considerar, além da dimensão procedimental, as dimensões conceituais e atitudinais no desenvolvimento dos conteúdos nas aulas de Educação Física. Para os PCN’s, os conteúdos atitudinais “apresentam-se como objetos de ensino e aprendizagem, e apontam para a necessidade de o aluno vivenciá-los de modo concreto no cotidiano escolar, buscando minimizar a construção de valores e atitudes por meio do currículo oculto (BRASIL, 1998, p.19).    

As crenças de autoeficácia, definidas por Pajares & Orlaz (2008) como as “percepções que os indivíduos têm sobre suas próprias capacidades” (p.101) constituem, portanto, conteúdos atitudinais a ser desenvolvidos nas aulas de Educação Física. Neste sentido, ter conhecimento do que se sabe e do que é possível fazer a partir desse saber é um elemento central no processo motivacional, na construção de expectativas de sucesso e na busca pela autorrealização (idem). As crenças que se tem sobre as próprias capacidades interferem na motivação do sujeito e no esforço dedicado à realização das atividades, bem como na capacidade de persistir frente aos obstáculos. Contudo, os indivíduos não desenvolvem crenças de autoeficácia de maneira isolada. Tendo em vista o caráter coletivo das relações sociais, “a autoeficácia é um constructo pessoal e social” (PAJARES & ORLAZ, 2008, p.103).

Segundo Pajares & Orlaz (2008), as crenças de autoeficácia são construídas com base na interpretação de quatro fontes de informação: a experiência de domínio, isto é, a interpretação, pelos próprios sujeitos, dos resultados das ações desempenhadas por eles; a experiência vicária, ou a percepção de que se pode realizar determinada ação, com base na observação de outra pessoa realizando a mesma ação; as persuasões sociais (positivas ou negativas), ou seja, as avaliações externas ou os julgamentos verbais dirigidos às atividades desempenhadas pelos sujeitos e seus resultados e, finalmente, os estados somáticos e emocionais, dentre os quais, “a ansiedade, o estresse, a excitação e os estados de humor” (p.105). Sendo assim, “independentemente dos fatores que operam para influenciar o comportamento, eles estão enraizados na crença básica de que se tem a capacidade necessária para executar esse comportamento” (p.106). A percepção do grau de dificuldade de determinada tarefa também pode influenciar na crença na capacidade de realizá-la. A leitura equivocada do grau de dificuldade da tarefa pode gerar excesso de confiança ou sentimento de incapacidade. Segundo Bandura, (2008), a percepção de eficácia afeta não só o comportamento, mas também “objetivos e aspirações, expectativas de resultados, tendências afetivas e a percepção de impedimentos e oportunidades no ambiente social (p.114).




Nenhum comentário:

Postar um comentário