Fundamentação Teórica
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Este planejamento adota como norte a Diretriz Pedagógica para a Educação Física do Colégio Pedro II, que estabelece que
A disciplina
Educação Física no Ensino Básico (Fundamental e Médio) terá o paradigma da
cultura corporal como seu norte. Para que possamos atender esse novo
conceito, pautaremos o nosso trabalho de modo a favorecer a formação do
cidadão, a utilização prática e consciente do desempenho motor e aspectos
técnicos cognitivos assimilados. O trabalho gradativo dessas linhas
conceituais acima citadas nos levará ao um educando com possibilidades para
um posicionamento crítico frente a realidade e aos valores éticos e morais
universalmente aceitos (Projeto Político Pedagógico do Colégio Pedro II,
p.142).
Cabe considerar, conforme dita o PPP do CPII, que
[...] os
objetivos gerais da educação física não mais se restringirão ao movimento,
sendo, porém alcançados através do movimento, que permitirá ao aluno
compreender como o corpo “trabalha” para executar; que permitirá ao aluno
entender sua construção, dentro de determinado contexto
sócio-econômico-cultural; qual a sua história que demonstrará os momentos de
várias sociedades, desde as mais primitivas até as mais desenvolvidas (idem).
A adoção do paradigma da cultura corporal e a defesa de
que é possível formar o cidadão e atingir os objetivos gerais da Educação
Física através do movimento nos coloca inúmeros desafios. O primeiro é o reconhecimento
da pluralidade no cotidiano escolar e construção de práticas que satisfaçam o
anseio por uma sociedade em que democracia e igualdade sejam uma realidade
concreta para todos e todas, rompendo com um caráter de padronização,
monocultura e homogeneização, ainda muito presente nas práticas educacionais.
Esta é a grande missão da escola na contemporaneidade. Ações que levem em
consideração a diversidade e a diferença de alunos e alunas, práticas que
valorizam os diferentes sujeitos socioculturais e a consciência do caráter
Multi/Intercultural no espaço da escola são princípios que devem permear o
dia a dia e o cotidiano escolar de jovens estudantes.
Candau (2012) afirma que os termos Multiculturalismo e
Interculturalidade são muitas vezes utilizados como sinônimos, para enfatizar
a presença de diferentes grupos culturais numa mesma sociedade. A
Interculturalidade, que será a base teórica deste planejamento, pode ser
explicitada como um enfoque que afeta a educação em todas as suas dimensões,
voltada para a valorização da interação e comunicação recíprocas entre
diferentes sujeitos e grupos culturais, além de que:
A
interculturalidade orienta processos que têm por base o reconhecimento do
direito à diferença e a luta contra todas as formas de discriminação e
desigualdade social. Tenta promover relações dialógicas e igualitárias entre
pessoas e grupos que pertencem a universos culturais diferentes, trabalhando
os conflitos inerentes a esta realidade. Não ignora as relações de poder
presentes nas relações sociais e interpessoais. Reconhece e assume os
conflitos procurando as estratégias mais adequadas para enfrenta-los (p.46).
A Educação
Intercultural se baseia através das seguintes características: promoção
deliberada da inter-relação entre diferentes grupos culturais presentes em
determinada sociedade; conceber as culturas em contínuo processo de
elaboração, construção e reconstrução constantes; hibridização cultural;
consciência dos mecanismos de poder que permeiam as relações culturais; e por
fim, não desvincular questões conflitivas da diferença e da desigualdade
(CANDAU, 2008).
Para Candau (2012) a afirmação das diferenças – gênero,
orientação sexual, etnia, raça, deficiência, dentre outras – é manifestada
sempre de modo plural, visibilizadas principalmente pelos movimentos sociais,
que denunciam o caráter de exclusão e desigualdades na busca por
reconhecimento político e cultural de grupos marginalizados. Desta forma, a
perspectiva Intercultural em Educação buscará o reconhecimento e a valorização
das diferentes culturas e de seus grupos, lutando contra formas de
discriminação e injustiças, promovendo uma relação democrática e dialógica
entre os mesmos. Neste contexto não é possível se trabalhar questões
relacionadas à igualdade sem incluir a questão da diferença e vice-versa,
pois igualdade não é um termo que se contrapõe à diferença, e sim oposto à
padronização, à uniformização e homogeneização.
No contexto da Educação Física, a Educação Intercultural
diz respeito, segundo Oliveira & Daolio (2011), às tensões produzidas
pela diversidade cultural, lançando mão de que as diversas culturas precisam
dialogar sempre pelo viés de igualdade e não da desigualdade, como muitas
vezes ocorre nos cotidianos escolares. Para os autores, os pressupostos
pedagógicos que vislumbrem superar as armadilhas do relativismo,
essencializando a cultura, se faz primordial nas aulas de Educação Física.
Neira & Nunes (2009), neste sentido, vão afirmar que
a presença de manifestações culturais, historicamente desprivilegiadas, deve
fazer parte do currículo da Educação Física ao tematizar práticas corporais
que leve em consideração os sujeitos oprimidos, quer seja por etnia, classe,
cultura, gênero, etc. Nas palavras dos autores:
Se o que se
pretende é formar cidadãos para uma sociedade menos desigual, como não
debater as questões de gênero presentes na trajetória do futebol ou do vôlei?
Ou as questões de classe e etnia presentes na trajetória do hip hop ou do
rap? Como não indagar as questões de classe, gênero, cultura e etnia
incrustadas no percurso histórico das ginásticas? (p. 246).
É por esse caminho que pretendemos seguir,
valorizando a diversidade e as diferenças nas aulas de Educação Física,
propondo novas possibilidades de estratégias e conteúdos, que coadunem com manifestações
da cultura corporal nas suas mais variadas formas de expressão, reconhecendo
que diferentes sujeitos estão presentes neste processo, que é sempre
dialógico. A proposta de uma Educação Intercultural adentrando a Educação
Física escolar é basear-se nestes preceitos e em novas narrativas que
possibilitem desconstruções, rupturas e formas de pensar diversas e
múltiplas.
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Diagnóstico
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O diagnóstico da realidade
será feito ao longo do processo pedagógico, no início de cada trimestre. Serão realizadas atividades que visam identificar se os estudantes possuem conhecimentos
e vivências acerca das temáticas trabalhadas e em que níveis estes se
encontram. O diagnóstico permitirá ajustar o planejamento pedagógico, de forma
a contemplar as necessidades e interesses dos estudantes, em consonância com
as políticas educacionais nacionais e locais, entre os quais a proposta
pedagógica da Educação Física do Departamento de Educação Física do Colégio
Pedro II. As fichas serão produzidas durante as reuniões de planejamento
semanal pela equipe do CENII. Dentre os instrumentos a serem utilizados para
a realização do diagnóstico listamos:
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OBJETIVOS
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Objetivos de
ensino para o 6º e 7º anos
Objetivos de
ensino para o 8º e 9º anos
Objetivos de
ensino para o Ensino Médio
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Conteúdos – Tema Gerador: Educação Física e Interculturalidade
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Subtema da 1ª certificação: Educação Física, diversidade e diferença
Tema transversal: pluralidade cultural e orientação sexual
Subtema da 2ª certificação: Educação Física e relações de poder
Tema transversal: Ética
Subtema da 3ª certificação: Educação Física, Sustentabilidade e Saúde
Tema transversal: Meio Ambiente
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Estratégias Metodológicas
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Estratégias metodológicas gerais: vivências práticas relacionadas aos conteúdos da cultura corporal do movimento: jogos, esportes, danças, lutas, ginásticas; aulas expositivas com o intuito de desenvolver, aprimorar e problematizar os conteúdos conceituais que subsidiam as vivências práticas; trabalhos individuais e em grupos; realização de pesquisa em fontes de informação variadas.
Subtema da 1ª certificação: Educação Física, diversidade e diferença
Tema transversal: pluralidade cultural e orientação sexual
Subtema da 2ª certificação: Educação Física e relações de poder
Tema transversal: Ética
Subtema da 3ª certificação: Educação Física, Sustentabilidade e Saúde
Tema transversal: Meio Ambiente
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Processos Avaliativos:
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AV1: Observação sistemática e registro do desempenho das capacidades coordenativas, habilidades técnicas referentes aos jogos, esportes, lutas, danças e ginásticas;
AV4: Trabalho de pesquisa;
AV5: Autoavaliação;
A nota final resultará da média aritmética das avaliações aplicadas ou se necessário a nota de apenas um mecanismo (AV).
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Referências
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BRASIL, Projeto Político
Pedagógico do Colégio Pedro II.
CANDAU,
Vera Maria. Direitos humanos, educação e interculturalidade: as tensões entre
igualdade e diferença. Revista Brasileira de Educação, v.
13, n. 37, p. 45-56, 2008.
CANDAU,
Vera Maria. Interculturalidade e educação
escolar. In: CANDAU, Vera Maria. (Org.). Reinventar
a escola. 8ª ed. Petrópolis: Vozes, 2012, p. 47-60.
DARIDO,
S.C. Educação Física na escola: questões e reflexões. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2003.
DARIDO,
S.C., RANGEL, I.C.A. Educação Física na escola: implicações para a prática
pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
DARIDO,
Suraya Cristina (Org.). Educação
Física e temas transversais na escola. Campinas: Papirus; 2012.
GALLAHUE DL, OZMUN JC. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês,
crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Ed. Phorte; 2005.
GRECO, P. J.; BENDA, N. R. Iniciação esportiva universal: da aprendizagem
motora ao treinamento técnico, volume I. 1. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG.
1998.
NEIRA, Marcos Garcia; NUNES,
Mário Luiz Ferrari. Educação
Física, currículo e cultura. Phorte, 2009.
OLIVEIRA, Rogerio Cruz; DAOLIO, Jocimar. Educação
intercultural e educação física escolar: possibilidades de encontro. Pensar a Prática, v. 14, n. 2, 2011.
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